entre o nada e o eu

iasmin flor
1 min readJun 28, 2023

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aos que ficam, até

viajo adentro-novo

à amarga procura de mim

do eu que não se cura com o tempo, nem dengo, nem corte

ainda não sou quem vês

ainda não sei onde achar-me

sei de algo que baila

com a força do ar

entre o nada e os absurdos

em segundos

dissolvo o céu em orvalhos

amasso a terra com o couro

amanso os rebites do vento

mas não ateio fogo em quem fui

giro o globo e ainda não sei quem sou — isto me perturba — não sei qual destas sou — e isto me quebra as costelas

o mundo me pede um nome,

eu não dou

me vende um rosto, não compro

queria ser forte e admirável

com jeito de revolução

mas sou pequena, ferida, partida

sou simples

uma mulher que se esconde

- desejos, desejos meus, onde prendes o carcereiro? / exijo a chave, mas não luto

aceito o quebranto de não mudar o mundo

nem abrir o peito

por ora

convenço-me:

esta sou eu no começo

Leonora Carrington

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