entre o nada e o eu
aos que ficam, até
viajo adentro-novo
à amarga procura de mim
do eu que não se cura com o tempo, nem dengo, nem corte
ainda não sou quem vês
ainda não sei onde achar-me
sei de algo que baila
com a força do ar
entre o nada e os absurdos
em segundos
dissolvo o céu em orvalhos
amasso a terra com o couro
amanso os rebites do vento
mas não ateio fogo em quem fui
giro o globo e ainda não sei quem sou — isto me perturba — não sei qual destas sou — e isto me quebra as costelas
o mundo me pede um nome,
eu não dou
me vende um rosto, não compro
queria ser forte e admirável
com jeito de revolução
mas sou pequena, ferida, partida
sou simples
uma mulher que se esconde
- desejos, desejos meus, onde prendes o carcereiro? / exijo a chave, mas não luto
aceito o quebranto de não mudar o mundo
nem abrir o peito
por ora
convenço-me:
esta sou eu no começo